São Lourenço: onde a alma bebe da fonte

Na última semana tive a oportunidade e prazer de visitar o município de São Lourenço. Entre as montanhas suaves do sul de Minas Gerais, a cidade se revela como uma joia que combina natureza, tradição e espiritualidade. Conhecida por seus parques e fontes de águas, o local vai além dos balneários e das paisagens: é, também, palco de uma história singular, marcada pela busca do autoconhecimento e da evolução humana.
O Parque das Águas, um dos maiores cartões-postais do município, oferece fontes minerais com diferentes propriedades terapêuticas – e talvez não seja por acaso que esse lugar de cura física esteja tão próximo de um centro de busca espiritual. Em São Lourenço, corpo e alma caminham juntos. ear por ali é um convite a desacelerar.
Cada banca de doces artesanais, cada trilha, cada roda de conversa parece carregar algo a mais: uma vibração de paz, um desejo de plenitude. É como se a cidade, em sua simplicidade mineira, sussurrasse aos visitantes: “a verdadeira viagem começa para dentro.”
E é ali, em meio às ruas tranquilas e ao aroma constante de café coado, que pulsa o coração da Sociedade Brasileira de Eubiose — uma instituição que, desde 1924, defende a harmonia entre ciência, filosofia e espiritualidade. Fundada por Henrique José de Souza, a Eubiose propõe um caminho de desenvolvimento interior que convida o ser humano a se reconectar com sua essência, visando a harmonização da criatura com o Criador.
Em São Lourenço, sua sede nacional se destaca não apenas pela arquitetura, mas pela energia que emana de seus ensinamentos.
A proposta da Eubiose não é religiosa no sentido tradicional. Ela une ciência, filosofia e espiritualidade. Seus estudos envolvem temas como os ciclos da humanidade e a missão do Brasil como terra de renovação espiritual. É uma ordem voltada ao despertar, não pela fé cega, mas pelo conhecimento interior. Para além das doutrinas, a presença da Eubiose na cidade molda parte da identidade local.
Muitos moradores têm alguma ligação com a sociedade, seja por participação direta ou pela convivência cotidiana com seus símbolos, eventos e espaços. A cidade, com seu ar místico e acolhedor, parece propícia para esse tipo de encontro entre o visível e o invisível, entre o concreto e o simbólico.
A verdade é que há lugares que não se visitam com os pés, mas com a alma. São Lourenço é um desses locais. Entre montanhas que guardam o sagrado e neblinas que velam mistérios antigos, a cidade é mais do que águas terapêuticas ou paisagens serenas.
Ela é um campo de vibração. Um ponto de luz. Um chamado para o despertar.
Voltei de lá com a impressão de que não visitei apenas uma cidade, mas que fui, de alguma forma, visitada por ela. E guardo comigo a certeza de que, mais cedo ou mais tarde, voltarei – não apenas para rever suas paisagens, mas para continuar escutando aquilo que São Lourenço, com sua presença silenciosa e luminosa, ainda tem a me ensinar.
E eu, vocês já sabem, prefiro viver assim, sei que sou mais feliz desta forma… com os pés no chão, o coração aberto e a alma atenta aos pequenos sinais – daqueles que não se veem, mas que transformam. E a você, caro leitor, desejo que possa visitar (e ser visitado) por São Lourenço também!

Drielli Paola – @drielli_paola. Servidora Pública do Tribunal de Justiça de São Paulo. Bacharel em Direito, com pós-graduação e extensões universitárias na área jurídica. Entusiasta de psicologia, história, espiritualidade e causa animal. Apaixonada pela escrita.